terça-feira, 8 de março de 2011

Vi Shows Internacional (part three)


Cyndi Lauper (Centro de Convenções: 27/02/11)

Minha esposa me deu o show como presente de aniversário (além dos cinco volumes de New Mutants Classic, mas estes serão assunto para outro dia). Não esperava que a passagem da outrora espevitada cantora fosse movimentar muitos brasilienses, mas estava enganado. A casa estava bastante cheia e o público estava animadíssimo, com os hits na ponta da língua.

O show foi baseado no novo álbum da cantora, com sonoridade mais blues. A banda era bem afiada. O baixista e o baterista eram fantárdigos, mas o guitarrista tinha las manhas. A boa surpresa foi a inclusão da percussionista brasileira "Bang Bang Lan Lan (palavras de Cyndi), que deu um tempero tropical ao espetáculo.

A boa e velha Cyndi tem conhecimento de como dominar o público. Nas canções menos (ou nada) conhecidas do setlist, aquelas arraigadas no blues americano, ela saía pra galera e animava o povão com suas dancinhas a la Mick Jagger. A interação com a galera foi excelente e a vibrante senhora foi uma simpatia só.

Vamos aos hits da noite. O primeiro foi She Bop numa versão suave e bacaninha, que agitou a galera de maneira razoável. Minha canção favorita é All Through the Night, interpretada de forma emocionada e acompanhada por este escriba nota a nota do início ao fim.

Que eu me lembre, Change of Heart não estava no setlist original, e foi interpretada tal e qual no single original. Levantou a massa e Cyndi correu literalmente para a galera.

Girls Just Wanna Have Fun teve a maior participação de Lan Lan. A canção tornou-se a maior "macumba pra turista" com direito a Cyndi quase invocando algum espírito de passagem.

Time After Time era a canção mais esperada por boa parte do público presente, que, em certos trechos, segurou sozinho a execução da balada, o mesmo acontecendo com o fechamento, a bela True Colors.

Excelente apresentação da boa e velha Cyndi em Brasília. Fiquei surpreso com a forte presença jovem no show, imaginava que só os nostálgicos estariam presentes. Quem sabe um dia Madonna dê as caras por aqui...

sexta-feira, 4 de março de 2011

Inverno da Alma


Mais um filme com uma protagonista feminina que, assim como ocorre em Bravura Indômita, age de maneira diferente daquele que se seria esperado num mundo dominado por homens rudes.

Ree (Jennifer Lawrence), 17 anos, toma conta dos dois irmãos pequenos e da mãe que perdeu a sanidade. O dinheiro e a comida são escassos. Seu pai fora preso e encontra-se foragido. O problema é que se ele não se apresentar a justiça ou for declarado morto, a família será despejada.

A menina segue numa jornada para encontrar o paradeiro do pai e livrar-se do fatídico destino que lhe aguarda. O filme se passa numa região rural cercada por florestas, onde segredos não podem ser revelados. O problema é que Ree deve revelar alguns mistérios da comunidade onde mora se quiser manter sua família unida.

Em uma realidade dominado pela presença masculina, quem mostra ter poder para conseguir seus objetivos realizados e permitir que certos mistérios sejam ao menos parcialmente resolvidos são as mulheres da trama.

A indicação ao Oscar para este filme, o menos visto entre todos eles, o que não é demérito algum, permitiu o acesso a este filme que mostra uma realidade americana bem diferente do que geralmente é geralmente mostrado.

O Discurso do Rei


Outro filme indicado ao Oscar que, como o Vencedor, tem história bem linear e é agigantado pelas interpretações superlativas.

Colin Firth está ótimo como o filho do rei da Inglaterra que, graças a traumas durante a infância, é completamente gago. Nos breves momentos em que precisa realizar algum discurso graças a sua posição, ele se exaspera e sua voz recusa-se a sair. Ele não teria maiores problemas se circunstâncias além de seu controle não o tornassem o novo monarca.

Geoffrey Rush é o especialista em distúrbios da fala que ajuda o então futuro rei a encontrar sua própria voz, não só literalmente, mas também como um homem que precisa tornar-se um símbolo para sua nação quando esta se encontra prestes a entrar em estado de guerra contra os nazistas.

Helena Bonham Carter surpreende ao parecer tão normal enquanto interpreta a Rainha Mãe, dando forças para o marido tornar-se o homem que a Inglaterra precisa que ele seja.

Somente o alto nível de interpretações tornam o discurso que dá nome ao filme algo tão memorável. O dueto entre Firth e Rush, que se encontram sozinhos no aposento no qual o rei declama, sendo ouvidos pelos bretões em todo o país e no fronte de batalha, consegue transmitir a importância e solenidade daquele momento. E o momento de descontração entre os dois ao final da leitura mostram a grande amizade criada entre aqueles homens tão diferentes.

Apesar do revisionismo histórico e de não apresentar novidades em termos cinematográficos, é um filme que me mostrou uma parte da história que não conhecia e excelentes atores no comando de seu ofício.

Bravura Indômita


Nas últimas férias, resolvi assistir uma penca de westerns, gênero pelo qual sempre tive simpatia, mas agora resolvi dar um pouco mais de atenção.

Bravura Indômita é um bom exemplar do gênero. Temos os mocinhos bons de tiro (embora Rooster Cogburn, interpretado por Jeff Bridges, com seu tapa-olho e constante bebedeira, não tenha uma mira perfeita), a clássica cena de forca que parecia um show para a população e bala pra todo lado.

O que o torna diferente é uma mulher, ou melhor, uma menina (Hailee Steinfeld), que tem força, inteligência e coragem para tentar vingar a recente morte do pai, morto por um ex-empregado. A moça contrata Cogburn e os dois, juntamente com o oficial texano interpretado por Matt Damon, vão em busca do assassino.

O personagem de Bridges mostra um cowboy já envelhecido e cheio de vícios, mas não menos heróico. O confronto dele com o texano rende bons momentos, principalmente quando este tem a língua cortada. Mas quem domina o filme é a Mattie Ross, a menina religiosa, teimosa e bem a frente de seu tempo.

O filme começa bem melhor do que termina. Não gostei de ver a garota indefesa, acabando por servir como "dama em apuros" ao final da película, após se mostrar como alguém tão independente (ou o mais próximo disso que seria possível no velho oeste).

Cisne Negro


É incrível como um filme que trata do mundo do balé possa ter feito tanta grana. Além disso, dividiu aqueles que o assistiram em três grupos: quem gostou, quem odiou e quem não entendeu patavina.

Muito se falou sobre a história. Bailarina (Natalie Portman) tem a chance de sua vida ao lhe ser oferecido duplo papel em uma versão inovadora do Lago dos Cisnes, tanto o Cisne Branco (cuja graça e delicadeza ela tem de sobra) quanto o Negro (cuja sexualidade bruta lhe falta, o que lhe garante críticas ácidas do dono da companhia, interpretado por Vincent Cassel). Além de trabalhar duro dia a dia, encarar a concorrência de uma novata que não tem a mesma técnica que ela, mas tem maior naturalidade para encarar o papel que lhe é tão desafiador (Mila Kunis)e a proteção demasiada da mãe (Barbara Hershey), ex-bailarina que não alcançou a glória por ter engravidado (pense numa culpa...)

A personagem de Portman, enquanto tenta superar seus limites, acaba por perder sua sanidade pouco a pouco. Gostei pacas do filme, mas não achei tão pesado nem tão original como alardeado pelos blogs e twitters afora. Já vi antes e melhor em Clube da Luta...

O Vencedor


Sou grande fã da série Rocky, só não considero o quinto episódio como parte da série. As cenas de luta deste filme indicado ao Oscar se parecem muito com aquelas dos filmes estrelados por Sylvester Stallone. Marky Mark apanha sem dó, mas tudo é estratégia. Mr. Balboa fez escola.

O importante da película não são as lutas, que são bem bacanas e emocionantes, mas as relações familiares do personagem principal. Wahlberg interpreta o personagem real que é explorado pela mãe, que se faz de sua empresária (Melissa Leo) e pelo irmão (Christian Bale), ex-boxeador usuário de drogas que é uma lenda local. A penca de irmãs também não ajuda as difíceis relações familiares.

A entrada em cena da garçonete que se torna namorada do protagonista (Amy e o incentiva a ser alguém melhor divide a família e a realização de um filme sobre o personagem de Bale expõe a realidade de sua família. A partir daí, relacionamentos mudam e personagens se redescobrem.

Na minha opinião, foi um dos filmes mais acessíveis entre os indicados ao prêmio da Academia, com merecidas indicações a Bale, Melissa Leo e Amy Adams.